terça-feira, 6 de outubro de 2020

O mordomo do Papa e os filhos da púrpura

Já não bastava a indecência de o Papa ter mordomo. Agora saem-me em fascículos as histórias do mordomo, que está a ser julgado por ter posto ao léu as poucas-vergonhas da Igreja de púrpura. Algumas. O mordomo é o homem que tem por "funções vestir o Papa e viajar à sua frente no papamóvel". Coça-lhe as costas, chega-lhe os chinelos, conta-lhes as últimas, faz-lhe a cabeça, dá-lhe uns palpites e saca ao velho informações a bem dizer de confessionário, tudo exactamente como Jesus Cristo recomendou a São Pedro quando lhe entregou as chaves do Vaticano. Está na Bíblia.
Isto de o Papa ter mordomo e de o mordomo vestir o Papa e passear no papamóvel com o Papa e de tomar o pequeno-almoço com o Papa e de intrigalhar com o Papa e de o Papa intrigalhar com o mordomo, eles os dois no serrote, de xícara na mão e mindinho espetado, filhos da púrpura acima, filhos da púrpura abaixo, faz-me lembrar o nosso José Castelo Branco, Deus me perdoe. O "Conde" também tinha mordomo e também acabaram mal. A minha Igreja desgraça-se.

P.S. - Publicado originalmente no dia 3 de Outubro de 2012. O Papa era Bento XVI. Três dias depois, faz hoje oito anos, o mordomo Paolo Gabriele, julgado por "roubo agravado" de documentos confidenciais, foi condenado a 18 meses de prisão pelo Tribunal do Vaticano.

Sem comentários:

Enviar um comentário