sábado, 11 de fevereiro de 2017

Otacílio de Azevedo

Morria o sol no ocaso 

Morria o sol no ocaso e o olhar de minha amada
qual rubro sol distante, a rutilar, morria...
Gemia o seu soluço errando pela estrada
e errando pela estrada eu, mísero, gemia!

Perdia o sol tombando, a clara luz doirada
e o vulto dela, ao longe, aos poucos, se perdia.
Fugia o meu olhar no curso da jornada
e o seu magoado olhar tristíssimo fugia...

O sol tombou no poente em nuvens de oiro e arminha,
e Cleonice, chorando, à curva do meu caminho,
entre as sombras da noite, exânime tombou...

Entanto, o mesmo sol que desmaiara outrora,
vem todas as manhãs ao despontar da aurora,
só ela, nunca mais, oh! nunca mais voltou!

Otacílio de Azevedo

(Otacílio de Azevedo nasceu no dia 11 de Fevereiro de 1892. Morreu em 1978.)

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