segunda-feira, 6 de junho de 2016

Léo Vaz

A Pedagogia, teoricamente, é transcendente, e tu não deves esforçar-te por atingi-la. Seria esforço vão e de nenhuma recompensa. Mas, na prática, é uma sólida e bela coisa. Basta dizer-te, Joãozinho, que a Pedagogia é uma pirâmide. No ápice, um Diretor Geral, agudo e fino, ameaça de furar o firmamento; na base, inumeráveis mestres-escolas. De permeio, quantum satis de inspetores escolares, contínuos, amanuenses, bedéis. Todas essas pedras se cimentam com a história do homem de amanhã. E para que o homem de amanhã seja um bom homem, cumpre que as pedras da base não se mexam dos seus lugares, a fim de que as pedras intermediárias e a do vértice não tremam nos seus postos. E da pedra do tope jorra para as demais a linfa da verdade em ondas periódicas, sob a forma de circulares, avisos, regulamentos, ofícios, admoestações, suspensões, exonerações. E essa linfa lava toda a pirâmide de qualquer mácula de ignorância e infunde às pedras de baixo a ciência do que hão de fazer para dar com o hoje infantil no amanhã adulto. Um primor de edificação esse chafariz monumental da Pedagogia.

"O Professor Jeremias", Léo Vaz

(Léo Vaz nasceu no dia 6 de Junho de 1890. Morreu em 1973.)

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