A caixa do correio mete-me medo. Não tanto pelas contas da luz, da água ou do condomínio (embora, rústico que continuo a ser, pagar condomínio ainda me faça uma certa confusão), mas mais pelos avisos das Finanças e do Tribunal. Ainda por cima é uma galdéria, a minha caixa do correio, escarrapacha-se a todos, até aos da pior espécie: aos que perguntam pelo meu ouro e eu não os conheço de lado nenhum, aos que me pedem o meu voto e não me conhecem de lado nenhum e agora até aos que me querem vender a minha morte como se soubessem alguma coisa da minha vida que eu não sei.
Vamos lá com calma. Eu sei que ninguém fica cá para a semente e que se alguém ficar sou eu (mas não é isto que interessa). Sei que provavelmente já por cá andei mais tempo do que ainda vou andar. Mas, francamente, a vida é tão boa e dá-me tantas consumições que tenho mais que fazer do que pensar na morte, do que organizar a minha morte. Quando eu morrer (se morrer), logo se verá. Eu é que já não. Essa é a herança que deixo de bom grado a quem me sobreviver. Se alguém houver.
Por outro lado: a ofensiva cangalheira aguçou a minha curiosidade. Esse é o truque do marketing, mesmo do marketing de trazer por casa. Porta a porta. Admito que estou a pensar pedir um orçamento para a minha morte. Seduziu-me aquela coisa da "Medalha Impressão Digital", que não sei o que é, mas deve ser muito bom para o morto. E também quero que me expliquem muito bem explicadinho o "Contrato de Funeral em Vida". Isso é legal? Funeral em vida?
Um brinde sincero à sua saúde e à ironia necessária para enfrentar as mensagens «bem intencionadas» da sua e das nossas caixas de correio. A sua resposta merece uma medalha, M
ResponderEliminarMuito obrigado.
EliminarJá estou como os "Gato Fedorento": Estava a pensar em falecer amanhã, mas não posso. Tenho uma coisa para fazer!
ResponderEliminarMais um belíssimo texto, se Nane.
Grande abraço,
P.
Obrigado. Abraço.
EliminarSerá que o Ambrósio (apetecia-me algo!...)também faz parte do Plano Magnum?
ResponderEliminarAb.
cm
E um destes dias começam a ir a casa tirar medidas (em vida!) para o caixão.
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