sábado, 30 de abril de 2022

É matá-los, a ver se aprendem!

Agora é assim. Garrano que salte a cerca e não traga bilhete de identidade, é para abater. São as ordens da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), em resposta às solicitações da Câmara de Paredes de Coura, que andava muito preocupada com casos de culturas agrícolas vandalizadas ou acidentes provocados por animais "vadios". Trata-se-lhes da saúde. Tira-se-lhes a tosse e fica o assunto resolvido.
A hipótese campo de concentração chegou a ser ponderada pelo departamento governamental, mas acabou por cair, derivado aos custos envolvidos, em ração e choques eléctricos, optando-se então pelo extermínio directo. A solução final e barata.
Este era um trabalho desenvolvido até aqui por snipers locais em regime de freelance, sem o mínimo de condições, agora o Estado toma conta da pasta e tudo passa a ser feito como manda a lei.
Trata-se, de acordo com a DGAV, de uma medida "coerciva e pedagógica" e de combate ao pastoreio livre. Exactamente. Pode ser que, depois de abatidos, os animais aprendam finalmente a respeitar a propriedade privada. Porque estes animais são uns animais. E para animais, animais e meio - assim se pensou na Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária. O director-geral de Alimentação e Veterinária chama-se Nuno Vieira e Brito. Veterinária.
Este projecto de vanguarda, já no terreno, é a rampa de lançamento de um mais vasto e ambicioso programa interministerial de limpeza de "vadios", que prevê, numa segunda fase, o abate de pilha-galinhas daltónicos, ladrões de melancias que calcem mais de 43, sem-abrigo embrulhados em caixas de cartão de frigoríficos Indesit e peões atropelados em passadeiras e que ainda mexam.

Cuidam que é mais uma das minhas? Não é, lamentavelmente. É assunto sério, notícia de ontem a que cheguei através do blogue Mais pelo Minho, que cita a Rádio Vale do Minho.

P.S. - Publicado originalmente no dia 23 de Outubro de 2012. Não sei como é que a coisa está, se já mataram os garranos todos e o que faz actualmente Nuno Vieira e Brito, que entretanto até já passou por secretário de Estado, vejam lá!

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