Crónica feminina
Vieram as calças, e ela nada. Os movimentos libertários, o divórcio, o voto, a canasta, os empregos, os carros, os cigarros, as gravatas, os sapatos de salto baixo e os sapatões também vieram, e ela nada. Em casa, sempre em casa, de uma virgindade absoluta em relação ao amantíssimo esposo e demais, bordava, falava francês e tocava piano. E dava alpista ao canário. E regava os vasinhos, ela própria um flor de estufa. Muito cor-de-rosa, muita renda na roupa interior que só ela sabia, muito tafetá, muitos lacinhos e sabonetinhos. Queimou uma vez um sutiã, é verdade, mas foi sem querer, passando a ferro, quando a serviçal lhe faltou. Tirando isso, nada. Parecia doença. Crónica. As vizinhas, que nem lhe conheciam o nome, chamavam-lhe, por graça, Crónica Feminina.
As mamas eram como a casa, de papel
As Turicas eram irmãs em Fafe. Costuravam. Pequeninas e idosas, resmungonas e prendadas para os mais delicados lavores, faziam renda de bilros sentadas num banquinho junto às enormes portadas que davam para a rua. Tinham uma loja mais antiga do que elas e que cheirava a um mofo muito bom. Vendiam botões e tafetás, fitas de nastro, fechos, linhas, lãs, chitas, agulhas e flanelas. Vendiam também vinho ao garrafão nas traseiras do estabelecimento. As boas senhoras tinham uma "criadita" que abria a porta a quem ia comprar vinho. E a miúda tinha umas mamas. A minha mãe mandou-me ao vinho e eu pedi à rapariga se me deixava apalpar-lhe as mamas. Ela não deixou e eu apalpei. As mamas eram de papel e foi-me um desgosto muito grande.
É de homem
Homem que é homem gosta de mamas grandes. Mas tem medo do bisturi e os implantes, posto que perigosos, estão pela hora da morte!
É de homem 2
Homem que é homem faz peito. E depois dá de mamar.
É de homem 3
Homem que é homem não chora. Mas mama.
A dona dos seios desobrigados é que não gostou. E atirou, azeda:
- Olhe lá, ó patego, está a gozar com as minhas mamas?
O peito às balas
Um dia resolveu dar o peito às balas. Que descanse em paz.
Seios
sei-os
ceio-os
Já um homem não pode ser feminista
Feminista convicto, apresentou-se todo pimpão à porta do congresso, distribuindo babosos sorrisos à direita e à esquerda, para a frente e para trás. As porteiras barraram-lhe o caminho, matulonas. Que era só para mulheres, disseram-lhe...
Ladies first?
Ele disse, força do hábito, "As senhoras primeiro". Ui!, caíram-lhe todos em cima, feministas e machistas, derivado àquilo da igualdade de género...
- Ó mor, claro que tamo, mor.
- Diz-me a verdade, mor. Tu mamas, mor?
- Tamo, mor. Tamo tipo bué, tás a ver, mor?
- Não, mor, tipo a sério, mor, tu mamas-me tipo... a sério, mor?
- Tamo-te, mor. Tamo-te tipo, mor.
- Mamas-me mesmo, mor?
- Tipo agora, mor? Tipo aqui, mor?...
Sem comentários:
Enviar um comentário