segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Em palhas deitado 3

Popota e Leopoldina vs. Pai Natal e Menino Jesus
A Popota e a Leopoldina já por aí andam, os amigos com quem não falamos há 351 dias ligam-nos repentinamente por causa do tal almoço, as ruas esburacadas ganham luzinhas pisca-pisca e continuam esburacadas, as castanhas assadas saíram este ano uma categoria, o José Marinho, graças a Deus, já só fala para benfiquistas, os filmes e séries de televisão começam a puxar à lágrima, chove que é uma desgraça, e se não chovesse também era, e portanto quer dizer que estamos no Natal. Tolero os amigos absentistas, as iluminações adventistas, os aquénios de ouriço cheios de bolor e bicho, que nem foi o caso, e até o superimbecil Marinho, se não o ouvir. Já quanto à Leopoldina e à Popota, que se me afiguram razoavelmente prostitutas, eu continuo a preferir o Menino Jesus. 

Eu seja invisualzinho!...
As árvores. As árvores acendem-se, tremeluzem como se estivessem bêbadas, e é o que ouço na rua às pessoas que comem palavras como o nosso querido e obeso primeiro-ministro, ainda que no caso das pessoas sejam palavras pequenas, palavras ínfimas, praticamente de dieta, come-se o artigo definido à falta de alimento substantivo, catam-se migalhas, palavras de uma letra só, e mais vale comer palavras, ainda que resumidas e insossas, do que não comer nada. Ouço, como se fossem dois pré-cegos:
- Então, se não voltar a ver, um bom Natal e feliz ano novo...
- Para si também, se não voltar a ver, um Natal feliz e muitas prosperidades...


E uma boa continuação para ti também!
Dá-me para isto ultimamente, para os abraços e para perguntar aos meus amigos: - Andas feliz? És feliz? - Pergunto acerca do coração, dos afectos, do casamento, do divórcio, da mulher, da namorada, da mulher e das namoradas (há quem acumule), dos filhos, dos netos, dos irmãos, dos pais, dos sogros, da saúde, da fé, das ideias, da poesia, de Deus, dos sonhos, da vida. Falo de bondade, de amor, de compaixão, de vinho. "És feliz? Andas feliz?", é o que pergunto, exactamente da mesma maneira que pergunto em casa, à mesa, se a comidinha que eu cozinhei está boa. Porque. A vida para ter algum jeito também deve saber bem, não é? Os meus amigos interessam-me muito e por isso é que são sem aspas e sem Facebook. Somos amigos cara a cara, de abraço de carne e osso, e uma boa meia dúzia.

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