domingo, 18 de outubro de 2020

Diga dezasseis e meio (duas vezes)

Fazendo pela vida
O médico deu-lhe dois anos. Ele pediu seis. O médico contrapôs três e que não podia dar mais. Ele exigiu cinco, senão nada feito. O médico disse quatro e não se fala mais nisso. Ele, negócio fechado.

O governante hipocondríaco e metódico
Por indicação médica, tomava quatro medidas por dia - uma ao levantar, uma depois de almoço, uma antes de jantar e uma ao deitar. Rigorosamente.

Huuummm...
Fui ao psiquiatra. - Senhor doutor, acuda-me, não sei o que tenho, não sei o que se passa comigo, só estou bem fechado em casa, não quero sair da cama, não vou à rua, não abro a porta, não espreito sequer pelo olho da dita, se tocam fujo e escondo-me, não falo com ninguém, e se falo é sozinho, não atendo os telefones, não vejo televisão, não ouço o rádio, não leio os jornais, não ligo o computador, não vou à varanda nem à janela, não quero saber de nada, o mundo já não me interessa, às vezes apanho-me a bater com a cabeça na parede, senhor doutor, por favor, ajude-me, o que se passa comigo?...
- Huuummm... - disse-me o psiquiatra -, huuummm..., o Hernâni é evidentemente adepto do FC Porto.
Filho da puta, acertou logo à primeira.

O milagre do vinho
Os médicos disseram-lhe que nunca mais poderia beber. E no entanto ele conseguiu beber até ao fim, apanhando carraspanas de caixão à cova. Foi considerado um milagre.

De cu à mostra, mas optimista
Eu era um pessimista da pior espécie. Não me lembro se de nascença ou se me fiz assim por necessidade. Depois a minha vida ficou tão fodida que só pode melhorar. E quando dei fé eu já era um optimista que até meto nojo. Actualmente vejo sempre o melhor das coisas, por piores que elas sejam. Por exemplo: no outro dia tive que ser submetido a uma colonoscopia total (o adjectivo "total" é sugestivo, não é?) e guardo daqueles momentos de franco convívio e sã camaradagem a mais grata das recordações.
Noutros tempos, meter a cabeça numa touca de plástico, vestir uma bata de tacha arreganhada atrás e ficar de cu ao léu e meias seria o suficiente para me desmoralizar. Sobretudo por causa das meias. Ainda por cima em público e sendo o objectivo da coisa entrarem-me por onde não devem. Mas agora não, até apreciei. A equipa que tratou de mim era completamente feminina, só mulheres, se me permitem a redundância e se me estão a perceber. Que mais é que eu queria, já que estava ali em pelote? Eram três à minha volta, nunca me tinha visto noutra. Deitaram-me e aqueceram-me os tomates, puseram-me a jeito, enfiaram-me a anestesia, pediram-me para chegar o rabo um pouco mais para trás, cheguei, comecei a sentir um formigueiro bom mas têmporas e apaguei-me nas mãos delas. Vim a mim passado não sei quanto tempo. Também não sei o que me fizeram entretanto, e podia pensar o pior. Mas não. Agora que sou optimista, gosto de imaginar que aquilo de que não me lembro foi muito muito bom. Para os quatro...

P.S. - Hoje, 18 de Outubro, o Brasil assinala o Dia do Médico, que em Portugal é a 18 de Junho. E depois venham-me falar de "acordo ortográfico"...

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