sábado, 5 de novembro de 2011

A Anémona da Olá

Foto Hernâni Von Doellinger

Os vândalos voltaram a atacar a Anémona da Olá, também conhecida por Anémona de Matosinhos. Não sei há quantos dias foi perpetrado mais este ignominioso atentado de lesa-património, certamente pela calada da noite, mas só na manhã de ontem é que eu dei por ele. Desta vez, roubaram a peça fundamental do conjunto escultural concebido pela norte-americana Janet Echelman. Exactamente: os selvagens levaram o imenso lençol de plástico com o reclame dos gelados Olá que cobria quase metade do relvado da rotunda da Praça da Cidade São Salvador, sob a gigantesca "rede de pesca". E, sem o reclame dos gelados Olá, a parte restante do monumento ficou completamente esvaziada de conteúdo. É imperdoável. É uma vergonha.
E agora como é que os turistas que diariamente se acotovelam no andar descapotável do Yellow Bus, lutando pelo melhor ângulo para fotografar o mundialmente famoso Olá's Monument, com as bocas cheias de wonderful! e fantastic!, sabem que aquela é mesmo a Anémona da Olá? Como é que eles vão alcançar os intrínsecos significados e subsignificados de uma obra de arte manifestamente amputada do seu elemento basilar e essencial? E o que vão pensar eles da incúria de uma terra que assim deixa profanar, sem castigo e sem restauro, um dos seus mais sagrados ex-líbris? E digo ex-líbris com grande mágoa, mas a verdade é que, da forma que aquilo está, já não é líbris nenhum.
A autarquia matosinhense tem de fazer alguma coisa. E, das duas, uma: ou providencia e coloca imediatamente uma segunda-via do reclame dos gelados, se possível ainda maior do que o anterior, e fica o assunto resolvido, ou então o executivo camarário passa a reunir em permanência debaixo da rede do monumento, certificando a autenticidade do mesmo e explicando aos passantes, nacionais e estrangeiros, o porquê da Anémona da Olá.

(Mais em Olá, cá está ele!)

4 comentários:

  1. Hernâni
    Realmente, eu já por mais de uma vez vi um grande plástico da Olá mesmo por debaixo da Anémona, mas, ingenuidade a minha, pensava eu que era por mero acaso...rsrsrs
    Agora percebo! Uma renda mensal, correspondente à ocupação do espaço municipal, como acontece com qualquer Feirante.
    Resta-nos saber se a desaparecimento do dito plástico se fica a dever ao fim da época balnear, ou, se a Autora da Anémona obrigou à sua retirada. É que os direitos de Autor são coisa séria e não deverão ser usurpados por uma qualquer pessoa ou entidade a precisar de amealhar uns cobres.
    Longe vão os tempos, em que, cada cabaz de sardinha desembarcado na lota de Matosinhos rendia um ou dois tostões (já não me lembro)para o Leixões Sport Clube. Essa pequena contribuição, pode nos dias de hoje parecer anedótica, mas, permitia ao Leixões fazer excelentes campanhas na então 1ª Divisão Nacional, e, pasme-se, chegar por vezes longe nas Taças Europeias de então. Bem sei que nessa altura, as Câmaras Municipais davam uma ajudinha aos Clubes. Mas também é certo que à época, as Autarquias não estavam enxameadas de pseudo-doutores e engenheiros, assessorados por outros doutores e engenheiros com vencimentos iguais ou superiores ao do Presidente dos E.U.A. e instalados em gabinetes com ar-condicionado, decorados com secretárias de belas pernas e generosos decotes, o que por si só, é mais que suficiente, para depauperar qualquer Orçamento Municipal.
    Gaspar de Jesus

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  2. Gaspar,
    Obrigado pela visita e pelo comentário.
    Abraço,
    h.

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  3. E viva o Leixões!
    Abraço.
    P.

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