quarta-feira, 22 de julho de 2020

Uns foram à bola, Durão Barroso ia de férias

A propósito da cretinice dos secretários de Estado que foram à bola a França por conta da Galp, no Euro 2016 de tão boa memória, lembrei-me do multinacional lobista Durão Barroso. José Manuel era primeiro-ministro de Portugal, em 2002, e foi no jacto privado de Pereira Coutinho passar férias na ilha privada brasileira do recatado multimilionário português. Três anos depois, o nosso Zé Manel já tinha sido nomeado presidente da Comissão Europeia e passou férias num barco privado de um milionário grego.
Conclusões que tirei desta oportuníssima lembrança: Durão Barroso gosta de férias; Durão Barroso gosta de férias à grande e à brasileira ou à grega, pelo menos; Durão Barroso não gosta de pagar as férias à grande e à brasileira e à grega, pelo menos; Durão Barroso não paga férias desde os tempos imemoriais em que ia para a chique praia de Moledo, em Caminha, como as pessoas normais porém chiques, e se calhar nem essas pagava, porque parece que eram passadas em casa de amigos; Durão Barroso gosta de milionários e de multimilionários; Durão Barroso gosta muito de privados - aviões, ilhas, barcos e talvez bancos; por causa de Durão Barroso e de outros que querem ser durões barrosos quando forem grandes, o PSD mexe com pinças na valente cagada que os secretários de Estado do Governo PS fizeram; os invejosos do CDS esperneiam e esperneiam, mas apenas porque ninguém os convida para lado nenhum e eles também gostam de andar de cu tremido; é inacreditável que os secretários de Estado que foram à bola a França por conta da Galp ainda sejam secretários de Estado.

(O prestígio internacional de Durão Barroso não era realmente coisa de se deitar fora. Lembram-se? José Ramos-Horta (ex-presidente de Timor-Leste e co-Nobel da Paz com Dom Ximenes Belo em 1996) lançou a candidatura do nosso Zé Manel ao mesmo prémio em 2008. E deu em águas de bacalhau! Quatro anos depois, o ilustríssimo galardão foi atribuído à União Europeia. Quer-se dizer: ao Barroso só faltou um bocadinho assim...)

Fino era o Paulo Portas: para que não se lhe possa apontar nada, ele é que oferecia viagens aos seus futuros patrões. Em quatro anos, o então vice-primeiro-ministro e ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros levou a Mota-Engil seis vezes à América Latina. Hoje Portas é consultor da Mota-Engil para a... América Latina. Durão Barroso está na Goldman Sachs. Diz que é charmain...

P.S. - Publicado originalmente no dia 5 de Agosto de 2016. Com quase um ano de atraso, em Julho de 2017, os secretários de Estado que foram à bola a França por conta da Galp acabaram por demitir-se. Rocha Andrade, que nos pôs as contas em dia, se calhar faz falta. Quanto a Pereira Coutinho, que já foi o quinto mais rico de Portugal, vendeu o jacto, o helicóptero e a ilha em Angra dos Reis (trindade ostentatória que Barroso conhecia de ginjeira e de borla), perdeu e desfez-se de negócios, faliu ou insolveu-se, sobrevive, sei lá, à pala da Segurança Social e um destes dias ainda o vou descobrir por aí sem-abrigo. José Manuel Durão Barroso, esse, foi eleito presidente da Comissão Europeia no dia 22 de Julho de 2004. Faz hoje anos. E parabéns à prima!...

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