terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

O Zegolina e a Jigulina

Foto Tarrenego!

Vika Jigulina, nome artístico de Victoria Corneva, é uma cantora, compositora, DJ e produtora romena nascida na Moldávia no dia 18 de Fevereiro de 1986. E não me interessa para nada. Por outro lado: Armando Zegolina, sobrenome conquistado na rua pelo cidadão Armando Sousa, era um fafense excelentíssimo e campeão mundial da maledicência. Campeão invicto e ininterrupto, é preciso que se note. Em pequeno o Armando gostava muito de brincar esvaziando os pneus de todos os automóveis que lhe calhassem à mão de semear e longe da vista dos donos. Ele explicava que lhes estava a tirar a... zegolina. E daí o nome e a lenda. O nosso Zegolina jogou futebol até aos juniores na AD Fafe e, entre 1968 e 1971, foi pára-quedista e tratador-treinador de cães de guerra. Voluntário. Cumpriu oito meses de Guiné, durante os quais realizou 21 saltos, quase sempre em situações de combate. Foi operário têxtil evidentemente na Fábrica do Ferro, emigrante em França no ramo dos elevadores, e quando tornou a casa, em 1979, fez-se electricista por correspondência e montou negócio. Frequentávamos ambos o inevitável Peludo e acompanhámos depois a módica deslocalização do Peixoto, que foi só virar a esquina. Éramos amigos, eu e o Zegolina - mais o grande Manel Zebras, os três à mesa pária em que mais ninguém queria entrar. Éramos amigos. Amigos conversantes, confidentes, cúmplices e leais. E o Zegla até nem era nada disso de amizades derivado à língua, embora por detrás da língua desgovernada estivesse um homem generoso, bom rapaz, um pouco tímido até, como o da cantiga da Madalena Iglésias, mas ele não queria que se soubesse. Era ruim só da boca para fora.
O Zegolina morreu há anos, mas muito antes do prazo, com o corpo cobardemente escangalhado pela sorrateira doença dos pezinhos. E isso - digo-o a quem de direito - não se faz.

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