quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Ariosto Teixeira 2

Adrenalina's Bar

A plebe desfere punhaladas na noite do Adrenalina
Os meninos e as meninas dentro da madrugada
Wodka
Uísque
Absinto
A gente só queria o coração sacudir
Falar a noite inteira
Mentir é tão simples
Fugir é tão fácil
De volta para casa
Tudo vai ficar bem

O corpo se estende na sarjeta
Os hells limparam seus canivetes
Na cara chocolate do moleque
Encheram seu corpo de chutes
E o deixaram com o seu ninho de cobras verdes mortas nos olhos

Abro caminho no deserto negro dos olhos da menina
Pouco importa a guerra noturna em Beirute
O fogo a consumir os prédios da capital
A velha lágrima presa por um alfinete na retina

Onde estará com seu jeito inquieto de pardal
A cabeça raspada de skinhead
Talvez a perca para sempre
Quem sabe a encontro amanhã
A voar sobre a colina lilás

Nada a fazer
Murmuro uma velha canção
Espanco uma lata de cerveja
Não me esqueça
Espero no mesmo lugar
Apareça antes que mais alguém morra no bar

"Poemas do Front Civil", Ariosto Teixeira 

(Ariosto Teixeira nasceu em 1953. Morreu no dia 23 de Janeiro de 2010.)

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