segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Microcontos & outras miudezas 163

Lições de História: o Pardal
Antes de ser o guia espiritual dos novecentos homens mais poderosos de Portugal, também chamados motoristas de matérias perigosas, Pardal era professor, vivia na fantasia dos livros aos quadradinhos da Walt Disney e falava brasileiro. O Professor Pardal era um garnizé em forma de homem, um supergénio, o maior inventor do mundo. Tinha um chapéu pensador e o Lampadinha, o seu melhor ajudante. O Professor Pardal era bom e amigo das pessoas, embora às vezes as suas invenções dessem, sem querer, para o torto. O Pardal de hoje em dia é doutor e também tem forma de homem, não tem chapéu pensador, que se veja, mas usa Maserati, que exibe, se tem ajudante não se sabe quem, mas tem agenda, inventa razoavelmente e também é amigo das pessoas, das novecentas pessoas do sindicato que adjudicou e de mais uma que costuma ver ao espelho.

P.S. - Condutores de autocarros das viagens de finalistas a Espanha e das claques de futebol em Portugal aderem à greve dos motoristas de matérias perigosas e exigem do Governo o reconhecimento da categoria profissional e salários mais dignos, pelo menos compatíveis com a responsabilidade que lhes cai em cima e o risco de vida que correm sobretudo aos fins-de-semana e antes que cheguem as eleições.
Última hora: Os motoristas dos autocarros da Resende, em Matosinhos, e os condutores de tractores agrícolas e os manobradores de empilhadores, em todo o país, ponderam entrar na luta.
tractores agrícolas e os manobradores de empilhadores, em todo o país, ponderam entrar na luta.

O primeiro pódio
Era a primeira vez que subia ao pódio. Chegou-se ao microfone e disse, pigarreando, "Chape, chape, um, dois; um, dois, três; um, dois, três, quatro, experiência". Que pena a sala estar vazia...

Contos americanos
- Era um exímio executante...
- Tocava o quê?
- Cadeira eléctrica.

Entre a bonomia e a filhadaputice
Uma vez eu era chefe e um chefe mais chefe do que eu telefonou-me, de Lisboa evidentemente, a reclamar que era preciso "foder" uma certa e determinada pessoa de quem eu era chefe, mas menos, no Porto. Eu disse que não. Que não "fodia". E expliquei-lhe. Primeiro porque não se "fodem" pessoas, ainda que fossem incertas e indeterminadas; segundo porque eu não "fodo" ninguém, por uma questão de princípio e suspeito que também de religião; terceiro porque eu resolveria facilmente o assunto sem "foder" um camarada, isso é que é liderança e competência; quarto porque eu não admitiria nem mais uma sugestão, insinuação sequer, daquele género.
O chefe que era mais chefe do que eu e estava em Lisboa, comunista de sucesso e despedidor laureado, acusou-me de bonomia, enquanto baixava a crista e metia o rabo entre as pernas, tanto quanto me deu para ver pelo teclado nojento do velho telefone. Bonomia? Fiquei "fodido". Fui ao dicionário e achei muito bem.

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