quarta-feira, 16 de maio de 2018

Fafe, pelo poeta Augusto Fera

Minha terra, meu altar

Do mirífico himeneu
do sonho com a magia
é que Fafe apareceu
como praga de poesia.


Tão atento noite e dia
Deus estava à gestação
que do ventre da magia
Saiu belo sem senão.


Devia ser grande gafe
ou pecado sem perdão
dizer o nome de Fafe
sem ter os joelhos no chão.


Fafe não tem pedras caras
na areia dos ribeirões.
Mas tem pérolas mais raras
nas ostras dos corações.


Nas agras e cerros seus
há tantos dons sublimados
que até parece que Deus
deserdou os outros lados.


Devia ser grande gafe
ou pecado sem perdão
dizer o nome de Fafe
sem ter os joelhos no chão.


Do vale à ganga sidérea
nada precisa de emenda,
porque em Fafe alma e matéria
foram feitas de encomenda.


Nestes dois versos se encerra
a imagem da terra-mãe:
tem o que tem qualquer terra
e o que outra qualquer não tem.


Devida ser grande gafe
ou pecado sem perdão
dizer o nome de Fafe
sem ter os joelhos no chão.


Augusto Fera, em "Cruz de Chumbo e Outros Poemas"

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