quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Roberto Freire 2

É claro que, em 1975, nas ruas e nas conversas de todos nós, tesão já não era mais apenas isso que o Aurélio registrou. Mas não se pode esquecer que dicionário e enciclopédia são o cúmulo da reserva cultural e histórica de um povo, ou seja, o oposto da dinâmica permanente de sua espontaneidade criativa cotidiana. Não é do tesão do Aurélio, pois, que estamos tratando.
Para melhor explicar isso vou lembrar de algumas frases que ouvi ultimamente, usando a palavra tesão. "O jeito de minha mãe comigo está um tesão, depois que ela se casou de novo." "Pra mim a igreja de São Francisco é o maior tesão de Ouro Preto." "Atualmente a informática é o meu maior tesão." "Estava um tesão o frio de Mauá neste fim de semana." "O meu tesão é maior que eu próprio." "Trepar não acaba nunca o meu tesão." "Só o Casagrande parece jogar com tesão no Coríntians." "Tá um tesão o meu amor por ela." "Tenho mais tesão por música que por poesia." "O Caetano é um tesão em tudo." "Acho tempestade, muita chuva, muito vento, um tesão." "Hoje eu estou com tesão sem rumo." "Maconha só é um tesão partilhada na roda." "Sinto tesão, fico de pau duro mesmo, assistindo balé." "O doutor Alceu de Amoroso Lima sempre foi um tesão, mesmo depois de velho, mesmo falando de Igreja." "A feijoada da Lana é um tesão." "Só consigo trabalhar direito no que me dá tesão."

"Sem Tesão Não Há Solução", Roberto Freire

(Roberto Freire nasceu no dia 18 de Janeiro de 1927. Morreu em 2008.)

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