Dá-me a tua camisola
Meio-dia. Hora do Angelus
dominical na Praça de São Pedro, quase completamente cheia. É uma das
melhores casas da época. No meio da multidão de freirinhas, jovens
padres, padres reformados, falsos padres, carteiristas, japoneses de
máquinas fotográficas, polícias, tarados sexuais no roço, a claque ultra
do Santos Futebol Clube, vendedores de raspadinhas benzidas, católicos
mais ou menos indiferenciados e sérios, uma excursão de Oliveira de
Azeméis e hippies
retardatários, há uma cartolina que se agita no ar, em direcção à janela
papal. Está escrito: "Bento - 16 - Dá-me a tua camisola".
P.S. - Escrito e publicado originalmente no dia 5 de Outubro de 2011.
Botar é a direito e um beber cívico
- Botas tu ou boto eu?
- Bota tu, mas bota de alto...
- Boto em consciência...
- Então bonda, que já esborda...
- E agora?
- Agora: dou-lhe um beijinho, mando-lhe uma pescoçada, e a seguir boto eu...
P.S. - Botar ou não botar, eis a questão. Sobre tão momentoso assunto,
recomendo duas releituras evidentemente educativas, aqui no Tarrenego!: Mais um quartilho para a mesa do canto e O falar antigo (ou o fafês, se calhar).
Tinha um sonho mas já não tem
Quitério tinha um sonho muito antigo. Levou-o à Feira da Vandoma. Deram-lhe euro e meio por ele...
O caminho para a Felicidade
É fácil. Sempre em frente até ao largo da igreja, vira à direita pela
rua com árvores, passa pelo campo da bola e pela sede, torna à esquerda e
logo na esquina, encostada ao café e depois do funileiro, há uma casa
pequenina com porta vermelha e vasinhos floridos na janela: é aí que ela
mora. Ela e os dois filhos. Cuidado com o cão!
Despesas de manutenção efectivamente...
"Despesas de manutenção?", perguntei. "Efectivamente despesas de
manutenção, meu caro senhor", respondeu-me o senhor do banco. "Mas qual
manutenção e qual efectivamente?", insisti, porque padeço dessa mania.
"Efectivamente temos destacado um colega que diariamente e em
exclusivo põe a arejar, limpa o pó e passa a ferro as vinte notas de cinquenta euros
que o caro senhor em boa hora fez o favor de entregar à nossa guarda. É o
gestor de conta de vosselência...", explicou-me o senhor do banco. "Ah,
bom!, nesse caso...", disse eu.
Às vezes dava-lhe na cabeça...
Às vezes dava-lhe na cabeça e levava tudo a eito. Geralmente não era assim tão organizado...
Às vezes dava-lhe na cabeça e varria tudo o que tivesse à frente. A casa ficava um brinco!
Às vezes dava-lhe na cabeça e limpava até a casa dos outros. Cleptomanias...
Às vezes dava-lhe na cabeça. Até que ela o deixou...
Perdi o Euromilhões por apenas 32 quilómetros...
Preenchi e registei o Euromilhões, quinta-feira, na vila de Caminha.
Vejo hoje nos jornais que o megajackpot acumulado de 190 milhões de
euros saiu em Espanha, a um único apostador. Que diabo, podia ter
tratado do assunto quando depois fui a Tui meter gasóleo...
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