quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Artur de Miranda

Flor estranha

Ó flor nevada, bogari cheiroso,
Originária das alturas frias,
Resplandece em teu ser misterioso
Lácteo luar das solidões sombrias.


Quando floresces pelo azul saudoso
Das serenas, profundas nostalgias,
Passa um raio de luz tuberculoso;
Velhas tristeza dos passados dias.


Ó flor estranha, venenosa e rara,
Monja letal das místicas doçuras
Que às dormências do mal se consagrara.


Teu ser indefinido, impenitente,
Traz o gelo das fundas sepulturas,
E os mistérios da morte, eternamente.

Artur de Miranda

(Artur de Miranda nasceu no dia 9 de Agosto de 1869. Morreu em 1950.)

Sem comentários:

Enviar um comentário