quarta-feira, 17 de maio de 2017

Carlos Pena Filho

Testamento do homem sensato 

Quando eu morrer, não faças disparates
nem fiques a pensar: "Ele era assim..."
mas senta-te num banco de jardim,
calmamente comendo chocolates.

Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
foi mais que longa a vida que eu vivi,
para ser em lembranças prolongada.

Porém, se, um dia, só, na tarde em queda,
surgir uma lembrança desgarrada,
ave que nasce e em voo se arremeda,

deixa-a pousar em teu silêncio, leve
como se apenas fosse imaginada,
como uma luz, mais que distante, breve.
 


"Livro Geral", Carlos Pena Filho

(Carlos Pena Filho nasceu no dia 17 de Maio de 1929. Morreu em 1960.)

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