Estrujo a tempestade, estrondeio nuvens penhas de negrume, fuzilo relâmpagos, fendo os céus e ribombo timbales, tambores, tímpanos, o cascalhar da trovoada pelas quebradas. Rujo, uivo, silvo, zimbro, bramo a floresta, matraqueio árvores estilhaçadas, dedilho harpas de pinhais, alaúdes de choupos, salteiros e sistros de carvalhedos. Bravejo as fúrias dos mares, refervo o cachão das vagas de encontro aos rochedos, espadano escumas enraivecidas, ressoo trompas de cavernas e furnas, trompetes, clarinetes, fagotes, flautas de canaviais e olmeiros, oboés, cornamusas, olifantes… Mors stupebit et natura… a própria Morte se espantará… Ululo os ecos dos vales, soluço, aio, choro a seda dos meus arcos pelos violoncelos e violinos do cordame dos navios, nos búzios das velas dos moinhos, rufo as varas da chuva por telhados e ruas…
Desfaleço a fúria. Num urro final grito o meu Dies irae…
"O Lago Azul", Fernando Campos
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