quarta-feira, 1 de março de 2017

Benedicto Monteiro

Vem da Amazônia esta imensa poesia

Vem da Amazônia este grande poema
esta grande e imensa poesia
que inunda a minha alma...

Vem da terra verde
onde as mãos das crianças acenando ao longe
parecem asas de pássaros
cansados...

Vem da planície verde este grito estranho
este grito bárbaro
que  já rompeu todas as florestas
e reboou em todos os igapós

Vem da Amazônia este grito forte
que tem a voz nova das crianças
e a poesia antiga da voz dos meus avós...

A Amazônia traz a poesia pacífica dos lagos
a harmonia bucólica dos campos
e o mistério lendário das águas e das matas
Traz a voz do caboclo acompanhando o rio
em tristes serenatas
Traz a voz do machado rouco
roncando dentro das selvas agressivas  
Traz o baque da árvore caindo em terra
gritando e rangendo
na música sublime das melodias vivas
Traz o poema das terras caídas
que levam vidas
e desfazem lares
Traz a tristeza das matas
e a beleza do céu nas tardes crepusculares

Tudo isto vem da Amazônia
o meu pensamento
e até mesmo a conversa milenária
e caótica do vento
vagabundando por todos os recantos
desta terra moça
que o homem conquista e não domina

Tudo isto vem da alma semelhante
para mostrar a poesia maior e mais vibrante
que esta terra verde é.

Benedicto Monteiro

(Benedicto Monteiro nasceu no dia 1 de Março de 1924. Morreu em 2008.)

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