terça-feira, 1 de novembro de 2016

Andrada Machado

Soneto à liberdade

Sagrada emanação da divindade,
Aqui do cadafalso eu te saúdo;
Nem em tormentos, com reveses mudo,
Fui teu voário e sou, ó liberdade!

Pode a vida brutal ferocidade
Arrancar-me em tormento mais agudo;
Mas das fúrias do déspota sanhudo
Zomba da alma a nativa dignidade.

Livre nasci, vivi, e livre espero
Encerrar-me na fria sepultura
Onde império não tem mando severo.

Nem da morte a medonha catadura
Incutir pode horror a um peito fero,
Que aos fracos tão-somente a morte é dura.

Andrada Machado

(António Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva nasceu no dia 1 de Novembro de 1773. Morreu em 1845.) 

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