segunda-feira, 4 de julho de 2016

É de homem, mas não é geral 4

Dia da mulher
Um: - Hoje é dia da mulher.
O outro: - E a que horas é que ela vem?


Quando o telefone toca no país dos cagarolas
O telefone toca, a gente atende num susto, e o que é que faz? A gente, quero dizer nós todos, os portugueses de um modo geral. Posto isto - então o que é que a gente faz? A gente agarra-se ao telefone com as duas mãos numa aflição que Deus me livre, e pergunta para o outro lado, aos gritos e falta de ar: - Estou?! Estou??!! Estou???!!! A gente tem medo de não estar. Precisamos de confirmação. Ó insegurança! Ó angústia existencial! Ó compinchas caguinchas! Que é das armas e dos barões assinalados? Que é dos heróis do mar, nobre pobre, nação valente?


Apneia
Homem que é homem não dorme. Ressona.

 
Meia de leite e um pãozinho com manteiga
- Bom dia!
- Faz favor de dizer...
- Bom dia!
- Diga, diga...
- Bom dia!
- Sim, sim, e o que vai ser?...
- Bom dia!
- E era só?...
- Para começar...
- Bom dia?
- Exactamente.
- Então bom dia...
- Muitíssimo obrigadíssimo.
- E que mais?...
- Meia de leite e um pãozinho com manteiga, se faz favor.


O mais importante é a honradez, mas depende
- O mais importante, meu querido filho, é a honradez. Podes ser pobre, mas sempre honesto. Nunca faças nada que te envergonhe quando te vires ao espelho.
- E se for quando não me vir ao espelho, meu amado pai?...
- Nesse caso estás à vontade: mete a mão quanto mais possas, que também és filho de Deus...


A língua portuguesa...
- Temos tomado a nossa medicação? - pergunta-me ela.
- Temos, temos, senhora doutora - respondo eu, que sou uma pessoa educada e um exemplar tomador de medicações.
- Temos feito o nosso exerciciozinho diário?
- Todos os dias, senhora doutora.
- Temos moderado a nossa alimentação?
- Que remédio, senhora doutora. O dinheiro já só dá para cascas de batatas. 
- Ora ainda bem. Vamos lá ver como que é temos a nossa tensão - diz-me ela.
- Vamos a isso, senhora doutora, nem é tarde nem é cedo - digo eu, tirando o casaco e arregaçando a manga da camisa.
Vimos a tensão.
- Temo-la um bocadinho alta - informa-me ela, sem esconder a preocupação.
- Um bocadinho pouco ou um bocadinho muito, senhora doutora? - pergunto eu, também já um bocadinho muito à rasca. 
- Bastante, bastante. Vamos meter este comprimidozinho debaixo da língua e vamos deitar um bocadinho ali - diz-me ela.
- Vamos lá então, senhora doutora. A senhora doutora primeiro, que eu gosto de ficar por cima - digo eu, que, repito, sou uma pessoa educada e exemplar tomador de medicações.

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