sábado, 5 de maio de 2012

Mataram os vizinhos. Agora somos condóminos.

Éramos vizinhos, lembram-se? E a palavra vizinho queria dizer coisas boas: proximidade, amizade, companhia, ramo de salsa, comunidade, confiança, solidariedade, conversa no passeio à noite, copinho de vinho novo, cumplicidade, visita ao hospital, dar a camisa, porta aberta, comadre, quase família, melhor que família, tu cá, tu lá. Agora somos condóminos. E a palavra condómino tem uma carga que é um pesadelo: propriedade, despesa, individualidade, indiferença, reunião, ausência, chatice, discussão, impessoalidade, porta fechada a sete chaves (três, pelo menos), queixinha, fracção, má-língua, elevador, o tempo, bom dia e boa tarde, eu cá, tu lá.
E é irónico. Há 25 anos que eu sou um condómino exemplar, um condómino da melhor pior espécie, mas hoje deram-me as saudades de ser vizinho. Sei que já vou tarde. Estamos todos condenados a sermos condóminos para o resto das nossas vidas. Se ainda ao menos fôssemos conDominus nobiscum...

2 comentários:

  1. Hernâni
    À pouco, na habitual conversa semanal com a viúva do meu malogrado Amigo Manuel Sousa abordamos precisamente este assunto. É que lá em Pernambuco (sorte dos pernambucanos) ainda existem vizinhos, tal e qual tu mencionas aqui.
    Gostei tanto da coincidência, que tomei a liberdade de lhe enviar o endereço do teu blogue.
    Abraço
    Gaspar de Jesus

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    1. Obrigado, caro Gaspar de Jesus, pela visita e pelo comentário. Boa sorte para a próxima sessão das tuas Tertúlias Fotográficas (http://gaspardejesus.blogspot.pt/ e
      http://tertuliasfotograficas.wordpress.com/)
      Abraço,
      h.

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