sábado, 3 de março de 2012

Já começou 4

Em duas semanas morrerem mais de seis mil pessoas em Portugal. Especialistas em saúde pública dizem que é muito, que é de mais. Dizem também que a crise económica e o aumento das taxas moderadoras estão a ajudar à matança. Nas lojas do cidadão e nas repartições de Finanças, os funcionários são cada vez mais agredidos, quase diariamente, por utentes desesperados e com falta de mira. O alvo é mais acima. E os portugueses compram armas como nunca. Este é cenário.
Porém.
Como se vivesse na Alemanha e viesse à terrinha largar um bitaite de vez em quando, Pedro Passos Coelho protagonizou o número de circo impossível: desafiando a morte (dos outros) mas com um sorriso nos lábios, o alegado primeiro-ministro de Portugal conseguiu, ao mesmo tempo e sem rede, assobiar para o lado e contar uma anedota. A anedota é: isto não está assim tão mal, todos podemos ir de férias este ano da nossa desgraça se fizermos "uma boa aplicação dos recursos" que temos. Bela piada. Dos "recursos", disse ele, o novo mestre do nonsense! Fui aos bolsos, tirei o cotão que se me enfiou nas unhas e ri para não chorar.

4 comentários:

  1. Espero que se perceba de uma vez por todas o que o governo quer dizer quando afirma que para o ano estaremos a crescer. Ora então, se em apenas duas semanas quinaram mais de seis mil... até ao fim do ano e a este ritmo... é só fazer as contas! Eu estou confiante!... vejam o quanto pouparemos só em reformas e pensões de sobrevivência!

    j.

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    1. Ora aí está um ponto de vista que merece ser seriamente ponderado. Muito obrigado, caro j., pela visita e pelo comentário.

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  2. Frases como: "este país não é para velhos", ou, "o que dá cabo do sistema de saúde é a terceira idade" ouvem-se aqui e ali. Ou ainda, " o doente que interessa ao governo é o doente-morto".
    As armas já se compram pela internete, os pais já matam os filhos, os filhos continuam a matar os pais... é tempo de escolher outros "alvos". Não tenham receio de apontar para cima. "Eles andam cheios de medo, protegidos por uma "bolha" de 10 a 15 polícias. Mas esses andam a trabalhar, cuidado, não falhem a pontaria.
    Gaspar de Jesus

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