segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O mito da esquerda caviar

A esquerda caviar não existe. Em Portugal, não! Quando se fala do Bloco de Esquerda como uma rapaziada bem nascida que se meteu na merda da política mas que, paradoxalmente na esteira de um Cavaco Silva ou de um Fernando Nobre que ainda estava para ser inventado, consegue andar sobre ela, a merda, sem sequer borrar a sola dos sapatos, há aí um certo exagero. Os sapatos são de marca, o que até poderia explicar o milagre, mas não, não houve milagre nenhum! Porque esta malta é ateia, não acredita em milagres e o pólo também é de marca e está sempre cheio de caspa. Portanto...
Os bloquistas são apenas diletantes. Não se dão ao trabalho.
O Bloco, que só existe porque dá na televisão, de resto não suja as mãos em assuntos de governo a não ser para não ser nada, tem os dias contados. O caviar de supermercado é uma treta, a rapaziada do BE sabe disso melhor do que ninguém e não está para aturar esta pinderiquice por muito mais tempo. Até os croquetes são ultracongelados, o que também veio apressar o declínio da nossa esquerda gaiteira. Os cabeçudos da coisa começaram a comer-se uns aos outros e agora é cada um por si. O Bloco é de supermercado. O Bloco é uma treta. O último a sair é burro.

Fernando Rosas, um dos inventores do Bloco de Esquerda, antigo candidato à presidência da República, ex-deputado, historiador e gordo, invadiu ontem, ao almoço, um dos meus sítios. O meu sítio! Levaram-no lá, a ele e à mulher, ao santuário da velha e boa comida portuguesa que eu nem às paredes confesso. Não lhe deram caviar nem croquetes, que era o que ele merecia, mas apresentaram-lhe as melhores pataniscas de bacalhau do mundo e uma truta de conserva com broa frita que devia estar guardada só para mim. Foi o princípio da conversa. Depois passearam-no pelos mais emblemáticos pratos da casa, que eu me recuso a identificar por uma questão de segurança de Estado.
A invasão estava a meter-me nervos e por isso vim-me embora. O Rosas ficou na maior quando eu saí. O meu medo agora é que ele, com o desgosto do caviar, se converta à esquerda da patanisca e do verde branco. Sinceramente, não sei se deixo.

8 comentários:

  1. Entre a irrelevância anedótica e o ataque gratuito e pueril não percebo a filiação feita no jornal o Público sobre a proposta do BE. Este texto é contra a proposta do financiamento dos Estados pelo BCE? Com que base e com que argumentos? Sei que o pixel custa menos do que a tinta mas a filiação (embora automática) com propostas sérias exigem respostas sérias sob pena de passar por um… asno partidarista? A política não é um campeonato de futebol e qualquer tentativa de humor precisa de uma sombra de substancia para ser eficaz.
    Bom dia para si!

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  2. Um bom dia também para si, caro Anónimo. Obrigado pela visita e pelo comentário. Volte sempre! Nem que seja para reler este e outros textos do blogue, a ver se percebe. Creio sinceramente que acabará por chegar lá.

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  3. Sai um colher (de sopa!) de óleo de fígado de bacalhau...

    j.

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  4. Obrigado, caro j., pela visita e pelo comentário. O óleo de fígado vai já!

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  5. As pataniscas devem ter caído mal a alguém. Mas não sei se foi ao Rosas...
    É que mesmo sendo ateus, alguns membros do Bloco são mais papistas do que o papa.
    Abraço,
    P.

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  6. Ao Rosas decerto não, caro P. À mesa o homem deve ser como eu, gosta do que é bom, o que só abona a seu favor. E foi muito bem guiado! Não deve ter, portanto, razões de queixa. Quanto à parte "política", ri-me um bom bocado. O tipo tem piada! Mais do que eu, bem vistas as coisas.
    Obrigado pela visita e pelo comentário. Abraço.

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  7. Ia eu entrar em defesa do Bloco - porque certas e determinadas pessoas se demitiram de o fazer, né? -, quando vejo este comentário (aquele, lá em cima, o primeiro)... E lá voltou aquela minha certeza angustiada: são tipos como este que estão nos partidos e nos governos e nas administrações das superempresas. Não admira que estejamos na lama.
    M.A.

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  8. A verdade é que eu estava a contar com a tua inexorável marretada, caro M.A. Livrei-me então de boa!
    Obrigado pela visita e pelo comentário.

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