sábado, 17 de setembro de 2011

Em balão previamente aquecido


Aviso: o que se segue é um texto de merda.

Moro mesmo em frente ao mar, se me puser de lado na varanda. E é na varanda que, depois de um jantar mais coisa e tal como o de ontem, eu gosto de fumar a minha cachimbada e beber um fundinho de CRF em balão previamente aquecido. "Em balão previamente aquecido". Não sei quem foi o génio que inventou a frase e o conceito, mas, já repararam?, sabe quase tão bem dizê-lo como bebê-lo.
E balão, para mim, é mesmo balão. Não um balãozinho ou um balo. É balão, bojudo e de boca larga, tipo Alberto João Jardim. O conteúdo até poderá ser pouco, e é, um dedo apenas e medido pela minha mulher, mas o continente quero-o pela medida grande.
Moro em frente ao mar, dizia eu, e tenho uma vizinha que dá de comer às gaivotas. A sério, dá de comer aos gatos e às gaivotas. E as gaivotas, que vêm ao cheiro, não me largam a varanda. De dia e de noite. Todos os dias e todas as noites. Creio que ainda ninguém explicou a estas gajas que só me deveriam bater à porta em caso de tempestade marítima.
Ora, a gaivota é um bicho que, como a maioria dos portugueses, come qualquer merda e anda quase sempre de soltura. Resultado: quando abre a cloaca, e aquilo é um porto franco, só de saída, chovem cagadas de alto lá com elas. Quem tinha capacete, tinha; quem não tinha, que tivesse. Isto é ciência.
Portanto, moro praticamente em frente ao mar e estava na varanda à conversa com o CRF em balão previamente aquecido, deitando um olho, de quando em vez, ao Gil Vicente-Olhanense, e isto é que eu ainda não tinha dito. Foi num desses momentos, no exacto momento em que eu disponibilizei o meu olho esquerdo para mais um fora-de-jogo mal assinalado, ainda por cima, que a puta da gaivota do costume - já te conheço a fronha, ó cagona - resolveu aliviar lastro, com uma pontaria tamanha que me acertou em cheio no indefeso balão de boca larga.
Antes de ficar realmente fodido, pensei: isto é uma metáfora do pobre país que somos, todos nos cagam em cima, até as gaivotas, e pela boca morre o peixe. Bebi um golo e não era metáfora nenhuma, era mesmo merda. Para a próxima vou beber o CRF num balãozinho, de boquinha apertadinha. Com menos merda, e previamente aquecido, não há-de saber tão mal.

4 comentários:

  1. Caro amigo
    Merda por merda, sempre prefiro a das cabras.
    Sempre dão para jogar ao berlinde.
    Gaspar de Jesus

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  2. Agora reparo, que escrevi a mesma palavra duas vezes.
    Assim sendo, aproveito para confirmar que, o bicho gaivota, tem mira-telescópica no cu e acerta SEMPRE onde quer.
    Abraço
    Gaspar de Jesus

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  3. É, realmente as cabras são de outra utilidade, caro Gaspar. Quanto às gaivotas, devo acrescentar que ainda há pouco, durante a minha caminhada matinal junto ao mar, só não fui atingido porque ainda tenho um excelente jogo de cintura, não desfazendo. Será já a vingança por eu ter tornado o caso público?

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  4. Provavelmente...rsrsrs
    A lei da rolha está de novo implantada em Portugal e as gaivotas sabem disso.
    Gaspar de Jesus

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